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Entressonhos (2011)

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É difícil suportar

o canto de uma araponga;

ela estrangula o pensar

enquanto o som se delonga.

 

Quanto mais eu me aproximo

do homem que penso amar,

tanto mais eu desarrimo

do seu modo de pensar.

 

Edifiquei os altares

para a meu Deus adorar,

justamente nos lugares

onde aprendi a chorar.

 

Canto e rezo, rezo e canto

em constante louvação

pedindo a Deus um recanto

dentro do teu coração.

 

Depois de uma feia briga,

não sei se fico ou se parto...

e a mágoa intensa se abriga

no escurinho do meu quarto.

 

É romântico demais

sentir a chuva caindo

enquanto escrevo haicais,

namorando o céu infindo.

 

Não entendo a atitude

dessa alma que vive em mim:

florescendo em juventude,

estando o corpo no fim.

 

Brigamos... você partiu

por razões que não sei bem...

e numa resposta hostil,

meu silêncio disse amém.

 

Para não colher castigo,

para ser de Deus, apoio,

serei semente de trigo,

nunca semente de joio.

 

Olhando o homem que amo,

dando-me amor a granel,

emocionada, proclamo:

- Tenho uma amostra de céu!

 

Quem tem a alma repleta

dos sentimentos mais nobres,

ama o silêncio do asceta,

dedica a vida aos mais pobres.

 

- Tem cinco pães e dois peixes!

Ordenou, pois, o Rabi:

- Morrer de fome não deixes,

o povo que eu escolhi.

 

Estou salvo! Vou ao céu,

pois o Rei que me conduz

pagou por um pobre réu,

o grande preço da cruz!

 

Quando meu corpo se dobra

em louvor ao Criador,

sinto que a alma recobra

seu primitivo fulgor.

 

Eu, humilde poemeto

de palavras contrafeitas,

te invejo, lindo soneto

com rimas das mais perfeitas.

 

Como é intensa a balbúrdia

em casa de adolescente;

nessa idade estapafúrdia

não há silêncio que aguente.

 

Duas araras conversam

sacudindo suas cores

sem saber que assim, dispersam

a atenção dos trovadores.

 

Afasta a roupa o adulto

e exibe com galhardia

a cicatriz (ou seu vulto)

de uma feliz cirurgia.

 

Na praia dos teus encantos

o amor vai se transformando

em voláteis versos tantos,

que a areia vai anotando.

 

Vem a noite em soledade,

devagar, nos invadindo...

Há coisa que desagrade 

mais do que estrelas dormindo?

 

...“e soltando um grande grito”,

nosso Senhor se entregou

para abrir-nos o infinito

por tanto que nos amou!

 

Saudade, saudade grande,

Renata e Pedro, queridos,

e não há nada que abrande

os meus maternos gemidos.

 

Fico banhada em suor

e os ombros logo se encolhem

quando as agruras da dor

nas lembranças se recolhem.

 

Ora, se o corpo reclama

e a mente está distraída,

joga o cansaço na cama;

tens validade vencida!

 

Deixam pegadas formosas

nos caminhos onde andaram,

duas vidas amorosas

em cujos “sim” se doaram.

 

A terra-mãe, Portugal,

da mãe-gentil, o Brasil,

com o amor sempre atual,

são irmãs que o mar uniu.

 

O que na vida se sofre,

em Deus devemos guardar;

não precisa pôr em cofre

nem em livro registrar.

contato com a escritora pelo WhatsApp 11.99882-0770

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